A um recomeço. A um rearranque. A uma boa reflexão que justifique mais uma página de um tipo a escrever.
Primeiro a escrita e agora, nos últimos anos, o som. São ambas paixões e diferentes de abordar aquilo que mais gosto de fazer: ouvir e contar histórias. Tem sido assim nas quase duas últimas duas décadas. Talvez a preguiça tenha abrandado o ímpeto da primeira paixão, que foi a escrita, mas não deixei, nem por um instante, de escrever.
Tudo aquilo que faço tem por base escrever. Aliás, mesmo quando estou aos microfones da Antena 3 - parceira importantíssima no trabalho do Assim Assado - sou péssimo a falar de improviso. Posso até nem ter textos escritos por completo, mas preciso quase sempre de ter uma folha rabiscada, de pontos-chave para dizer ou de um raciocínio minimamente anotado.
Aqui há uns meses voltei a ter o desejo de voltar a escrever de uma outra forma. Como o estou a fazer agora, sem um objetivo muito claro e sem sequer saber bem se isto é ou não para partilhar. Talvez seja, porque estamos todos à procura de ser descobertos nem que seja só um bocadinho. Apanhei nas tramadíssimas e distrativas redes sociais um workshop de escrita gastronómica feito pelo Ricardo Dias Felner, jornalista e crítico gastronómico.
Noutra altura da minha vida, menos pandémica, talvez tivesse virado a cara e talvez prosseguisse o meu desinteressado scroll. Talvez não tivesse vontade de, no final de um dia de trabalho longe de casa, ainda ir enfiar-me em mais um espaço fechado a ouvir gente a falar e explicar-me, a+b, o que é que faço mal ou que podia fazer melhor. Ou até que nem sabia. Desta vez, no conforto do lar - e mesmo sabendo que ia voltar a sentar-me ao computador no final do dia - aceitei o auto-desafio e eis-me de volta ao banco da escola.
Boa decisão, escrevo hoje. Primeiro porque estou a escrever. Segundo porque tenho mais coisas para ler. Terceiro porque o primeiro desafio que O Homem Que Comia Tudo fez à turma foi para nos apresentarmos, de forma curta, porque isto das leituras é, na maior parte das vezes, algo chato. É mesmo: nem sei se tenho pachorra para reler o que escrevi nestes parágrafos aqui em cima, quanto mais fazer com que alguém chegue agora a este ponto.
Em pouco mais de dez minutos saiu-me esta curta apresentação que, para os interessados e que ainda não conhecem o podcast Assim Assado - que faz se-deus-quiser três anos em junho - pode servir perfeitamente para ficarem a saber quem eu sou. E é porreiro isto, de numa apresentação, apresentar-me.
Ora, Bruno Martins - e é aqui que começa ”Jornalista que escreve e fala sobre dois sectores em crise: a Cultura e a Restauração. Sirvo tudo em pratos diferentes: na rádio Antena 3 e no podcast “Assim Assado”. Na música já tenho ouvidos para tudo. Na comida, já só não papo couve-flor, mas também tempos houve em que não gostava de rap. A receita é a mesma: continuar a provar.”
É aqui que recomeça.