É filho de uma cozinheira que entrou em trabalho de parto enquanto estava a fritar uma alheira. André Cabrita sabe fazer leite creme desde pequenino. Ainda tentou o design gráfico, mas o filho da D.Gina do Flamingo, em Aveiro, descobriu, de vez, a paixão pela cozinha. O sonho é casa vez mais uma realidade.
Desta vez fomos até Aveiro conhecer o André Cabrita: ele é o terceiro convidado da série de episódios especiais feitos pelo Assim Assado com o apoio da Paez, a que chamámos “Resistir de Pé”. Uma espécie de homenagem e tributo aos cozinheiros e chefes que, nos último ano batalharam (e batalham) para conseguirem ultrapassar um dos períodos mais negros das suas vidas profissionais.
O cozinheiro torce o nariz quando lhe chamo “influenciador de comida”. Não é por não ser verdade, mas porque não quer ser visto apenas como mais um influenciador de hashtags nas redes sociais. Mas, na prática, este cozinheiro de 28 anos nascido e criado em Aveiro, anda pelas internets a partilhar as criações na cozinha, as suas visões e paixões. E aquilo que há alguns anos parecia ser apenas um sonho, está a tornar-se numa realidade.
Do Instagram para a vida real, mas com a vontade de fazer diferente. André Cabrita não tem o objetivo de ter um restaurante – pelo menos daqueles como existiam até março de 2020. Depois de nos dar a conhecer aquilo que fazia em casa, através de vídeos, fotografias e muitos textos, o André Cabrita começou a ir cozinhar a casa de clientes e, naturalmente, abraçou o take-away e home delivery.
De forma divertida, mas séria e comprometida, vai criando menus temáticos que vai distribuindo em Aveiro, no Porto, em Coimbra e, ocasionalmente, em Lisboa. Muito em breve, e mesmo não sendo um restaurante, vamos poder também ir jantar a casa do André: estar na cozinha, acompanhar o processo de criação, preparação, confecção e, finalmente, sentar à mesa a provar as suas criações.
O (outro) sonho de publicar um livro
O André parece ter uma mente irrequieta e uma imaginação apurada, sempre à procura de trazer algo novo. Algo que surpreenda. Formou-se em design, foi para Londres e veio de lá cozinheiro de paladar apurado. Aprende enquanto faz, no momento de arriscar, e, pelo meio, vai escrevendo. Toma notas, aponta, memoriza e cria arquivo. Um dia, diz ele – e é esse o grande sonho – vai publicar um livro. Um livro de cozinha e de comida, claro, Da sua comida: aparentemente simples, de ingredientes que procura serem sempre o mais frescos possível – e isso torna tudo muito mais elegante.
A ideia de André é que seja muito mais do que um livro de receitas. Nesta conversa o cozinheiro mostra-nos os seus cadernos e lê algumas memórias. A vontade é essa: percorrer um caminho, puxar o fio das lembranças e convidar à partilha. Tudo isto existe e anda de mãos dadas na cozinha de André Cabrita.
Os últimos meses têm sido, de facto, de partilha. De comida, de tempo e também de espaços: foi ao Porto e a Lisboa cozinhar no Mito, do Pedro Braga, e no Pigmeu, do Miguel Azevedo Peres. E, mais recentemente, já a meio de maio, esteve com os New Kids On The Block, a celebrar o primeiro aniversário de atividades de cozinha-punk.
São tempos bons para o cozinheiro de Aveiro que, além de estar a cozinhar mais do que nunca, também mostra ter o coração no lado certo: depois dos menus temáticos que alegraram o confinamento de muitos – o menu “almôndegas IKEA” ou o menu “Feira de Março”, com farturas e pão com chouriço – em breve o André vai fazer um menu dedicado ao Dia da Criança, em que “parte das vendas servirá para ajudar crianças em situação de risco na Palestina. Quer com comida, quer com medicamentos ou outros bens essenciais”, diz o cozinheiro. “Os cabazes vão conter comida de festa de anos, mas feita toda em casa. Sem fritos, mas com nuggets caseiros, pães de leite feitos aqui, alguma coisa com tulicreme, pipocas e gelatina caseira com fruta da época.”
“Resistir de Pé” é uma série de episódios que nascem da parceria entre o Assim Assado e a Paez, uma marca de calçado sediada em Portugal, que tem uma forte ligação emocional ao mundo da gastronomia, sobretudo aos projetos de cozinhas independentes.
A Paez não tem pretensões de mudar o mundo, pelo menos amanhã ou no mês que vem… o importante é pensarmos em “pequenos passos.. um dia de cada vez”.
A nova colecção da Paez já está disponível, nas lojas e online, e também a tentar fazer a diferença: esta primavera/verão com uma aposta na utilização de materiais reciclados pela primeira vez.