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Episódio 54: Zé Paulo Rocha

O que leva um jovem de 21 anos a abrir um restaurante? No caso de Zé Paulo Rocha, do Velho Eurico, uma excelente oportunidade de fazer várias homenagens: à comida portuguesa (particularmente às heranças minhotas); à família e também ao antigo proprietário de uma velha tasca, junto ao Castelo de São Jorge.

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Foi em 2019 que Zé Paulo Rocha e Fábio Algarvio uniram esforços e atiraram-se, corajosos, para um tremendo desafio: abrir um restaurante na então concorrida, agitada, desafiante e desconfinada Lisboa. Com turistas a calcorrearem as calçadas de Alfama; com tuc-tucs a acelerarem para cima e para baixo nas encostas; com uma clientela cada vez mais esfomeada por novos sabores e sensações, a dupla de jovens cozinheiros não virou as costas ao desafio e transformou a Eurico Casa de Pasto na nova tasca O Velho Eurico.

“Eu não podia desperdiçar um nome destes”, diz Zé Paulo Rocha, hoje com 23 anos, a partir da cozinha onde vai trabalhando num novo-velho desafio: levar comida de conforto até à casa dos clientes. “Também queria muito fazer uma homenagem ao senhor Eurico”, que trespassou a casa por doença, “e à dona Lina”, a mulher que agarrou nos tachos após as dificuldades de saúde do marido.

Herança minhota

O senhor Eurico e a dona Lina são ambos de Paredes de Coura e há já 40 anos que traziam até este histórico bairro de Lisboa os sabores da tradição minhota. Zé Paulo Rocha é lisboeta, mas também carrega às costas uma forte e orgulhosa herança minhota, ou não fosse a sua família de Vila Nova de Cerveira. Filho de pai e mãe que também vieram para Lisboa para abrir restaurante na Praça da Figueira.

Era quase impensável que Zé Paulo Rocha, que passava as tardes e as férias na tasca dos pais, não se entregasse à vida de restaurador. Esteve para tirar desporto, mas o prazer do palato foi maior, por isso formou-se na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, no Alto de São João (onde conheceu Fábio Algarvio); abriu um negócio com os pais; trabalhou na Taberna Sal Grosso (com alguns amigos do coletivo de cozinha-punk New Kids On The Block que anda a incendiar a região de Lisboa e a tornar o confinamento de alguns bem mais suportável) até se estabelecer nesta sua casa: O Velho Eurico.

Tradição 2.0 premiada

N’O Velho Eurico, Zé Paulo e Fábio praticam uma espécie de tradição 2.0. Uma mistura aprimorada de sabores tradicionais conseguidos através dos melhores produtos e de uma técnica infalível. É por isso que cada garfada é um deboche e cada lambidela de dedos é um festim; alegrias constantes que não passaram despercebido ao júri dos prémios Mesa Marcada 2021, que galardoou O Velho Eurico com o prémio Mesa Diária, uma distinção para os restaurantes que aliam a qualidade aos preços acessíveis.

Em alturas de confinamento e de restaurantes fechados, juntou-se mais uma inquilina à cozinha d’O Velho Eurico: a Colher Torta de Ana Leão que trouxe mais saborosas novidades a uma cozinha de portas e de coração abertos a todos os que estão dispostos à partilha. Esse é, aliás, um dos desígnios desta casa: se a pandemia, por um lado, afasta-nos uns dos outros, por outro a comida une. Traz-nos memórias no conforto do lar e, neste caso particular, traz alegria e união a um grupo de cozinheiros e amigos que só quer ver gente feliz à mesa.

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